Abelhas sem ferrão do Brasil
As abelhas sem ferrão (família Apidae, subfamília Meliponinae) são um grupo de abelhas nativas da Amazônia, do Cerrado, do Cerradão, da Mata Atlântica, do Pantanal e de muitos outros biomas brasileiros. Diferem das abelhas com ferrão (Apinae) por possuírem ferrão reduzido ou ausente, o que influencia diretamente seu comportamento de defesa, de forrageamento e de manejo humano, pois muitas espécies são mais tolerantes ao manejo por humanos e à proximidade com atividades agropecuárias.
Características gerais das abelhas sem ferrão
Tamanho e morfologia: variam consideravelmente entre espécies, mas costumam ser menores que as abelhas do gênero Apis. Possuem ferrão ausente ou vestigial, o que reduz a agressividade natural, apesar de algumas espécies manterem comportamentos defensivos quando provocadas.
Estrutura social: muitas espécies são eusocial, com divisão de castas entre fêmeas operárias, fêmeas reprodutoras ( rainhas) e zangões (machos). Algumas espécies são semissocial ou evensolitárias, dependendo do estágio de desenvolvimento e do ambiente.
Casa/colônias: constroem compostos de cera chamada de "tesouros de cera" ou deles, usados para abrigos, ninhos, galerias ou cavidades em troncos, cavidades de madeira, construção de colônias em orifícios de árvores, telhados ou em caixas de manejo específico.
Polinização: são polinizadoras extremamente importantes para ecossistemas naturais e para a agropecuária. Muitas plantas, incluindo culturas alimentícias, dependem da polinização por abelhas sem ferrão.
Feromônios e comunicação: utilizam feromônios para organização social, reconhecimento de rainha, defesa da colônia e orientação de forrageamento. O reconhecimento entre indivíduos e a cooperação no cuidado dos filhotes são características marcantes.
Especificações úteis sobre manejo e conservação
Manejo melífero tradicional: comunidades rurais, populações indígenas e extrativistas utilizam técnicas de manejo de abelhas sem ferrão para extração de mel, pólen e própolis. Os hornos de manejo costumam preservar a sustentabilidade, com observação de ciclos de forrageamento, reprodução e criação de condições de abrigo.
Habitat e disponibilidade: a presença de abelhas sem ferrão depende de habitats com disponibilidade de cavidades naturais, troncos oco, escurecimento de áreas de mata, além de disponibilidade de plantas floríferas ao longo do ano.
Conservação: a desmatamento, o uso intensivo de pesticidas e as mudanças climáticas afetam a distribuição, a abundância e a vitalidade das colônias. Projetos de conservação promovem a restauração de habitats, manejo sustentável e educação ambiental para comunidades locais.
Doenças e predadores: como outros insetos sociais, as abelhas sem ferrão podem enfrentar ameaças de parasitas, fungos (como Nosema), vírus e predadores naturais; o manejo responsável busca reduzir impactos através de práticas de higiene e monitoramento de saúde das colônias.
Principais espécies de abelhas sem ferrão no Brasil (exemplos representativos)
Melipona (gênero Melipona)
Melipona quadrifasciata: Sudeste e parte do Centro-Oeste (regiões de Minas Gerais, São Paulo, Goiás).
Melipona scutellaris: Nordeste (principalmente Bahia, Sergipe, Pernambuco).
Melipona marginata: Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo).
Melipona capixaba: Espírito Santo.
Melipona rufiventris: Centro-Oeste, Nordeste (principalmente Goiás, Bahia).
Melipona paraensis: Amazônia e Cerrado (Região Norte e Centro-Oeste).
Melipona bicolor: Diversas regiões do Brasil (ampla distribuição no Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia).
Melipona beecheii: Ocidente da América; no Brasil presente em áreas de Mata Atlântica e regiões fronteiriças (menos comum).
Melipona quinquefasciata: Sudeste e Sul.
Melipona fasciculata: Amazônia, Cerrado, Pantanal.
Melipona interrupta: Sudeste.
Melipona ilhota: áreas de mata atlântica costeira.
Heterotrigona (gênero Heterotrigona)
Heterotrigona itapetiensis: Sudeste e Sul.
Heterotrigona fasei: Amazônia e Cerrado.
Heterotrigona cuia: Cerrado e Mata Atlântica.
Heterotrigona postica: Diversas regiões tropicais do Brasil.
Trigona (gênero Trigona)
Trigona spinipes: Amplamente distribuída no Brasil (Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia); é uma das mais comuns em ambientes rurais.
Trigona corvina: Região Nordeste.
Trigona hyalinata: Região Norte e Amazônia.
Trigona fuscipennis: Região Cerrado e Mata Atlântica.
Scaptotrigona (gênero Scaptotrigona)
Scaptotrigona depilis: Região Sul e Sudeste.
Scaptotrigona postica: Regiões tropicais do Brasil.
Scaptotrigona mexicana: Não é comum no Brasil corrente; distribuição incerta/localizada.
Lestrimelitta (gênero Lestrimelitta)
Lestrimelitta nigriceps: Amazônia.
Lestrimelitta limata: Amazônia e região amazônica adjacente.
Frieseomelitta (gênero Frieseomelitta)
Frieseomelitta varia: Regiões de Mata Atlântica e Cerrado.
Observações importantes:
Existem muitas espécies de abelhas sem ferrão no Brasil, especialmente nos gêneros Melipona, Trigona, Scaptotrigona, Frieseomelitta, Homotrigona, Mombara, entre outros.
A distribuição é frequentemente citada em níveis regionais (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul) e por biomas (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal).
Algumas espécies são mais privadas em nichos específicos (cavernas, troncos, hollow trees) e podem ser localmente ausentes ou confundidas com outras.
Aqui alguns links sobre o assunto:
https://www.youtube.com/watch?v=mVVZxvcLIrw

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