Da Pequeno ao Grande Criação
A criação de codornas é uma atividade que tem ganhado destaque nos últimos anos, tanto para quem busca uma fonte de renda extra quanto para quem deseja empreender de forma profissional no setor agropecuário. Pequenas, produtivas e de manejo simples, as codornas podem ser criadas em espaços reduzidos e oferecem retorno rápido, especialmente pela venda de ovos e carne. Neste texto, você vai entender tudo sobre as codornas — desde suas características biológicas até os detalhes para montar uma criação eficiente, seja pequena ou em larga escala.
1. O que é a codorna?
A codorna é uma ave de pequeno porte pertencente à família Phasianidae, a mesma dos faisões e galinhas. Existem diversas espécies, mas as mais criadas comercialmente são as codornas japonesas (Coturnix japonica) e as codornas europeias (Coturnix coturnix).
A codorna japonesa é a mais popular no Brasil devido à sua excelente capacidade de postura e ao rápido desenvolvimento, sendo ideal para a produção de ovos e carne.
Essas aves são conhecidas por sua rusticidade, ou seja, são resistentes e se adaptam bem a diferentes condições climáticas, o que facilita muito o manejo por criadores iniciantes.
2. Características gerais das codornas
- Peso médio: entre 100 e 180 gramas (as de corte podem chegar a 250 g).
- Tempo de vida: cerca de 2 a 3 anos.
- Idade de postura: de 35 a 45 dias de vida.
- Produção de ovos: de 250 a 300 ovos por ano, dependendo da linhagem e manejo.
- Tempo de incubação dos ovos: 16 a 18 dias.
- Temperatura ideal de criação: entre 20°C e 25°C.
- Tamanho dos ovos: cerca de 10 a 12 gramas cada.
Essas características fazem da codorna uma excelente escolha para quem quer começar um negócio com pouco espaço e investimento moderado.
3. Por que criar codornas?
A codorna é uma ave muito rentável. Um dos principais motivos é a alta taxa de produtividade, tanto em ovos quanto em carne. Além disso, as codornas consomem pouco alimento, ocupam pouco espaço e têm um ciclo de reprodução rápido.
Outros benefícios incluem:
Baixo custo inicial: é possível começar com poucos materiais e um pequeno grupo de aves.
Rápido retorno financeiro: as codornas começam a botar em pouco mais de um mês.
Mercado em crescimento: há uma demanda constante por ovos de codorna e carne, tanto em feiras, mercados locais, quanto em restaurantes e indústrias alimentícias.
Fácil manejo: elas exigem menos cuidados do que galinhas e outras aves de porte maior.
4. Tipos de criação de codornas
A criação de codornas pode ser feita de duas formas principais: para postura (produção de ovos) ou para corte (produção de carne). Há também quem faça ambas simultaneamente, com lotes separados.
a) Criação para postura
As codornas poedeiras são selecionadas por sua capacidade de produzir muitos ovos de forma constante.
Esses ovos são muito procurados no mercado alimentício e têm valor agregado, sendo vendidos cozidos, em conserva ou frescos.
Para esse tipo de criação, o ambiente deve ser mais tranquilo, com boa iluminação e temperatura estável, já que o estresse reduz a produção.
b) Criação para corte
Já as codornas de corte são selecionadas por seu crescimento rápido e maior peso corporal.
A carne de codorna é considerada uma iguaria — leve, saborosa e de fácil digestão, muito utilizada em restaurantes e produtos gourmet.
O ciclo de criação até o abate é curto, geralmente de 35 a 45 dias, o que garante giro rápido e retorno em pouco tempo.
5. Estrutura e espaço mínimo
Um dos maiores atrativos da criação de codornas é o baixo espaço necessário. Mesmo quem vive em área urbana pode começar com um pequeno viveiro.
a) Criação pequena (doméstica ou para renda extra)
Espaço mínimo: cerca de 0,15 m² por codorna (ou seja, 10 codornas em 1,5 m²).
Instalações: é possível usar gaiolas em níveis (baterias), aproveitando o espaço vertical.
Ventilação: o local deve ser bem ventilado, mas sem correntes de ar diretas.
Iluminação: as codornas precisam de 14 a 16 horas de luz diária para manter boa postura.
Com apenas 50 a 100 codornas, já é possível produzir centenas de ovos por semana — ideal para vendas locais ou consumo familiar.
b) Criação média ou grande (comercial)
Para quem quer escalar o negócio, o planejamento do espaço é fundamental.
Espaço ideal: cerca de 1500 a 2000 codornas por 30 m².
Galpões: devem ser cobertos, com paredes laterais abertas (teladas) para ventilação e teto bem isolado.
Sistema de gaiolas: normalmente montadas em baterias de 3 a 5 andares, com bandejas coletoras de ovos e fezes.
Controle ambiental: ventiladores, exaustores e cortinas ajudam a manter a temperatura adequada.
Em criações maiores, o investimento inicial aumenta, mas o lucro também se multiplica rapidamente, especialmente com boa gestão de alimentação e reprodução.
6. Alimentação das codornas
A alimentação é um ponto essencial para o sucesso da criação.
As codornas têm metabolismo acelerado, o que exige ração balanceada, rica em proteínas e vitaminas.
a) Fases da alimentação
Inicial (1 a 21 dias):
Ração com 25% de proteína bruta.
Essa fase é fundamental para o crescimento e fortalecimento das aves.
Crescimento (22 a 35 dias):
Ração com 22% de proteína.
A ave atinge maturidade e prepara-se para postura ou engorda.
Postura (a partir de 36 dias):
Ração com 20% de proteína e enriquecida com cálcio (para casca dos ovos).
b) Consumo médio
Uma codorna adulta consome 25 a 30 gramas de ração por dia.
Em 100 codornas, o consumo é de cerca de 3 kg de ração diária.
A ração pode ser comprada pronta ou formulada com milho, soja, farelo e suplementos minerais.
c) Água
A água deve ser limpa e fresca o tempo todo. Bebedouros automáticos são ideais para evitar desperdício e sujeira.
7. Cuidados com o ambiente
A codorna é uma ave sensível a ruídos e mudanças bruscas.
Manter o ambiente estável é essencial para que não haja queda na produção.
Temperatura: 20°C a 25°C é o ideal.
Umidade: entre 60% e 70%.
Iluminação: 14 a 16 horas por dia.
Ruídos: evitar barulhos fortes e movimentações bruscas.
Limpeza: deve ser feita frequentemente, retirando fezes e restos de alimento.
A higiene previne doenças e aumenta a longevidade das aves.
8. Reprodução e incubação
As codornas atingem maturidade sexual muito cedo — entre 35 e 45 dias.
O acasalamento é simples e rápido, podendo ser feito de forma natural ou controlada.
a) Proporção ideal
1 macho para cada 4 ou 5 fêmeas é suficiente para boa fertilização dos ovos.
b) Incubação
Os ovos férteis devem ser recolhidos e incubados artificialmente, pois as codornas raramente chocam naturalmente.
A incubadora deve manter:
Temperatura: 37,5°C
Umidade: 60% (aumentar para 70% nos últimos 3 dias)
Tempo de incubação: 16 a 18 dias
Após a eclosão, os pintinhos devem ser mantidos em criadeiras aquecidas a 36°C, reduzindo gradualmente até 25°C ao longo das semanas.
9. Higiene e prevenção de doenças
Codornas criadas em ambientes limpos raramente adoecem, mas a prevenção é essencial.
Algumas doenças comuns incluem:
Coccidiose: causada por parasitas intestinais. Evita-se com higiene e ração de qualidade.
Coriza: afeta o trato respiratório; evitar correntes de ar ajuda na prevenção.
Deficiência de cálcio: comum em poedeiras; adicionar conchas moídas ou calcário à ração.
O uso de vacinas é opcional, mas o manejo correto e a limpeza constante são as melhores formas de garantir a saúde do plantel.
10. Custos e lucratividade
O investimento inicial depende da escala, mas é possível começar com pouco.
a) Criação pequena (50 codornas)
Gaiola: R$ 300
Ração mensal: R$ 120
Aves: R$ 150
Total inicial: cerca de R$ 600
Essas 50 codornas podem produzir até 1.200 ovos por mês.
Com a venda a R$ 0,40 cada (ou mais, dependendo da região), o faturamento pode chegar a R$ 480 mensais, cobrindo custos e gerando lucro.
b) Criação média (500 codornas)
Com estrutura adequada e compra de ração em maior volume, o lucro pode ultrapassar R$ 2.000 mensais, principalmente com diversificação — venda de ovos, carne e até codorninhas para reposição.
c) Criação grande (2.000 a 5.000 codornas)
Empreendimentos dessa escala já operam como negócios formais, fornecendo para supermercados e indústrias alimentícias.
Com boa gestão, o lucro líquido pode ser expressivo, especialmente quando há contratos fixos de fornecimento.
11. Comercialização e produtos derivados
A venda de ovos e carne de codorna é apenas o começo.
Outros produtos podem aumentar o faturamento:
Ovos em conserva (em potes de vidro ou plástico)
Codorna inteira congelada
Codorna temperada (para restaurantes)
Ovos férteis e pintinhos para outros criadores
Adubo orgânico feito com as fezes (esterco seco de codorna)
O adubo, aliás, é riquíssimo em nutrientes e pode ser vendido para hortas e produtores rurais.
12. Dicas para quem está começando
Comece pequeno: aprenda o manejo com poucas aves antes de expandir.
Mantenha registros: anote consumo, produção e mortalidade.
Compre de fornecedores confiáveis: tanto ração quanto matrizes.
Evite misturar idades: aves jovens e adultas devem ficar separadas.
Cuide da limpeza: fezes acumuladas causam doenças e mau cheiro.
Invista em iluminação: isso influencia diretamente na postura.
Fique atento à umidade: evite locais muito úmidos ou abafados.
Planeje o escoamento da produção: tenha compradores antes de expandir.
13. Sustentabilidade e vantagens ambientais
A criação de codornas é considerada sustentável quando bem manejada.
Essas aves produzem pouco resíduo, o esterco pode ser totalmente reaproveitado e o consumo de água e ração é muito menor que em outras aves, como galinhas ou perus.
Além disso, é uma atividade silenciosa e de baixo impacto ambiental, podendo ser feita até em áreas urbanas, desde que respeitadas as normas locais de higiene e vizinhança.
14. Conclusão
A criação de codornas é uma excelente oportunidade para quem busca uma atividade rentável, simples e adaptável a diferentes tamanhos de investimento.
Do pequeno criador que deseja um complemento de renda até o empreendedor que pretende montar uma granja comercial, as codornas oferecem alta produtividade, baixo custo e retorno rápido.
Com manejo adequado, alimentação balanceada e atenção ao bem-estar das aves, é possível construir um negócio sólido, sustentável e lucrativo.
Além disso, o mercado de ovos e carne de codorna está em expansão, abrindo espaço para novos produtores em praticamente todas as regiões do Brasil.






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