Gambá no Brasil: Espécies, Alimentação, Características e Importância para o Ser Humano
O gambá, também conhecido em algumas regiões como sariguê, saruê, timbu ou cassaco, é um animal marsupial bastante comum em várias regiões do Brasil. Embora muitas vezes injustamente associado a pragas urbanas ou confundido com ratos ou outros animais considerados nocivos, o gambá é, na verdade, uma espécie extremamente benéfica para o meio ambiente e, por consequência, para os seres humanos. Este texto explora de maneira detalhada tudo o que você precisa saber sobre o gambá no Brasil — suas espécies, hábitos alimentares, características físicas e comportamentais, bem como sua importância ecológica e os benefícios que proporciona à sociedade humana.
1. Classificação e Espécies no Brasil
O gambá pertence à ordem Didelphimorphia e à família Didelphidae, que reúne os marsupiais encontrados predominantemente nas Américas. No Brasil, existem diversas espécies de gambás, mas a mais comum é a Didelphis marsupialis, também conhecida como gambá-de-orelha-preta. Outra espécie bastante presente é a Didelphis albiventris, o gambá-de-orelha-branca, que ocorre em diversas regiões do país, desde áreas urbanas até florestas.
Espécies de gambá comuns no Brasil:
- Didelphis albiventris (Gambá-de-orelha-branca)
Uma das espécies mais comuns em áreas urbanas e rurais.
- Didelphis marsupialis (Gambá-de-orelha-preta)
Encontrado em florestas tropicais, especialmente na região Norte.
- Philander opossum
Um pouco menor que os anteriores, é mais comum na Amazônia.
- Monodelphis domestica
Um gambá menor, sem cauda preênsil, frequentemente utilizado em estudos científicos.
2. Características Físicas e Comportamentais
Os gambás possuem características bem distintas dos roedores, com os quais são frequentemente confundidos. Trata-se de animais marsupiais, ou seja, as fêmeas possuem uma bolsa abdominal (marsúpio) onde os filhotes completam seu desenvolvimento após o nascimento.
Características principais:
- Corpo coberto por pelos, geralmente em tons de cinza, branco e preto.
- Cauda longa e preênsil (capaz de agarrar objetos).
- Orelhas finas, geralmente sem pelos.
- Olhos pequenos, adaptados à visão noturna.
- Nariz comprido, com olfato apurado.
- Dentes afiados, adaptados para uma dieta variada.
- Possuem patas com cinco dedos, sendo o polegar opositor nas patas traseiras, o que os ajuda a escalar.
Comportamento:
- São noturnos e solitários.
- Emitem hissos e rosnados como forma de defesa.
- Quando ameaçados, podem simular estar mortos — um comportamento chamado de "tanatose".
- Podem liberar um odor desagradável como mecanismo de defesa, embora só o façam em situações extremas.
- São exímios escaladores, conseguindo subir em árvores com facilidade.
3. Alimentação do Gambá
O gambá é um animal onívoro e extremamente adaptável, o que o torna capaz de sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em áreas urbanas. Sua alimentação varia conforme a disponibilidade de recursos, o que demonstra sua importância ecológica como controlador natural de pragas.
Alimentos que fazem parte da dieta do gambá:
Frutas: bananas, mangas, goiabas, mamões, etc.
Insetos: baratas, grilos, gafanhotos, cupins, etc.
Animais pequenos: filhotes de aves, pequenos roedores, anfíbios.
Ovos de aves.
Carniça: restos de animais mortos.
Lixo orgânico: restos de comida descartados por humanos (em áreas urbanas).
Essa dieta variada ajuda a controlar populações de insetos, inclusive espécies vetoras de doenças, como mosquitos e baratas.
4. Ciclo de Vida e Reprodução
A reprodução dos gambás segue o padrão dos marsupiais. A gestação é extremamente curta, geralmente de 12 a 14 dias, após o que os filhotes nascem muito pequenos, como embriões. Eles então rastejam até o marsúpio da mãe, onde se fixam às mamas e continuam seu desenvolvimento por mais algumas semanas.
Fases:
- Gestação curta (menos de duas semanas).
- Período no marsúpio (de 6 a 8 semanas).
- Desmame e aprendizagem junto à mãe.
- Independência: após cerca de 3 meses.
- Uma fêmea pode ter duas ou três ninhadas por ano, com até 10 filhotes por vez, embora nem todos sobrevivam.
5. Importância Ecológica e Benefícios ao Ser Humano
Apesar de seu aspecto que pode causar certo receio ou nojo em algumas pessoas, o gambá é um animal extremamente benéfico para o meio ambiente e para a saúde humana.
Principais benefícios que o gambá oferece:
- Controle de pragas urbanas e agrícolas
Alimentando-se de baratas, escorpiões, caramujos africanos, ratos e outros vetores de doenças, o gambá atua como agente natural de controle biológico.
- Dispersão de sementes
Ao se alimentar de frutas e defecar em diferentes áreas, os gambás ajudam na regeneração de florestas e na manutenção da biodiversidade vegetal.
- Equilíbrio ecológico
Como parte da cadeia alimentar, serve de presa para predadores naturais como corujas, cobras e felinos, ajudando a manter o equilíbrio dos ecossistemas.
- Prevenção de zoonoses
Ao consumir insetos e roedores, contribui indiretamente para a redução de doenças como leptospirose, dengue e zika.
- Não é vetor de raiva
Diferente do que muitos pensam, gambás raramente transmitem raiva. Seu metabolismo e temperatura corporal baixa tornam o vírus da raiva menos ativo neles.
6. Gambás e a Vida Urbana
Com o avanço das cidades sobre áreas naturais, é cada vez mais comum encontrar gambás em áreas urbanas e periurbanas. Muitas vezes, esses animais são mortos injustamente por medo ou desinformação.
Como agir ao encontrar um gambá:
Não tente pegar ou atacar o animal.
Se ele estiver ferido, entre em contato com o IBAMA ou órgãos ambientais locais.
Gambás não oferecem perigo e não devem ser mortos — são protegidos por lei.
7. Convivência e Conservação
O gambá é um exemplo claro de como espécies nativas podem conviver com a urbanização, desde que sejam respeitadas e compreendidas. Ao protegermos esse animal, estamos contribuindo para um ambiente mais saudável e equilibrado.
Como ajudar na conservação:
Evite uso excessivo de venenos, que podem afetar gambás e outros animais.
Preserve áreas verdes, mesmo em espaços urbanos.
Informe outras pessoas sobre os benefícios dos gambás.
Nunca compre ou mantenha gambás como pets — é ilegal e prejudicial ao animal.
Conclusão
O gambá, longe de ser uma praga, é um aliado silencioso da natureza e da saúde humana. Sua presença deve ser vista como um indicador de equilíbrio ambiental. É um animal que merece respeito, proteção e valorização, especialmente no contexto brasileiro, onde sua diversidade é vasta e sua importância, inegável. Ao compreender melhor o papel dos gambás no ecossistema, damos um passo importante para uma convivência mais harmoniosa entre os humanos e a fauna nativa do nosso país.



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