As calopsitas são aves encantadoras que conquistaram o coração de milhões de pessoas ao redor do mundo. Com seu topete charmoso, personalidade cativante e capacidade de se apegar aos donos, elas se tornaram uma das espécies de pássaros domésticos mais populares do Brasil. Criar uma calopsita é mergulhar em um universo de carinho, companheirismo e aprendizado diário. Mas, para garantir uma vida longa e saudável a essas aves, é fundamental entender suas necessidades, comportamentos e cuidados essenciais.
Neste artigo completo, você vai aprender tudo sobre calopsitas — desde a origem e características até alimentação, comportamento, adestramento e reprodução. Se você já tem uma calopsita ou está pensando em adotar uma, este guia vai te ajudar a oferecer o melhor para seu pequeno amigo emplumado.
1. Origem e história das calopsitas
A calopsita (nome científico Nymphicus hollandicus) é uma ave originária da Austrália, onde vive livremente em bandos nas regiões áridas e semiáridas. Ela pertence à mesma família dos papagaios, a Psittacidae, e é considerada uma das menores representantes dessa família.
Na natureza, as calopsitas costumam viver em grupos, voando grandes distâncias em busca de alimento e água. Elas são aves sociáveis, inteligentes e extremamente adaptáveis — características que contribuíram para que se tornassem excelentes companheiras domésticas.
As calopsitas foram levadas da Austrália para a Europa no século XIX, e rapidamente se tornaram populares como aves de estimação. Seu nome científico, Nymphicus hollandicus, vem de “ninfa”, uma figura mitológica da beleza natural, e “hollandicus”, em referência à Nova Holanda, nome antigo da Austrália.
2. Aparência e características físicas
A calopsita é facilmente reconhecida por seu topete, uma espécie de penacho que muda de posição de acordo com o humor da ave — erguido quando está curiosa ou animada, abaixado quando assustada ou relaxada. Esse topete é uma de suas principais formas de comunicação.
Em média, uma calopsita adulta mede entre 28 e 35 cm de comprimento (incluindo a cauda) e pesa cerca de 80 a 120 gramas. Seu corpo é esguio e suas asas são longas, adaptadas para o voo.
A mutação original da espécie, conhecida como silvestre, tem a plumagem cinza, com rosto amarelo vivo e bochechas laranjas. Mas, graças à criação doméstica, hoje existem dezenas de mutações de cores, como:
- Canela: tons mais claros de cinza.
- Lutino: corpo amarelo e olhos vermelhos.
- Arlequim: mescla irregular de cores.
- Pérola: penas com manchas brancas e amareladas.
- Albina: corpo branco com olhos vermelhos.
Essas variações tornam cada calopsita única — e um verdadeiro espetáculo de beleza.
3. Personalidade e comportamento
A calopsita é uma ave inteligente, curiosa e extremamente sociável. Ela cria laços profundos com os donos e gosta de participar da rotina da casa. Muitas pessoas dizem que ter uma calopsita é como ter um “mini papagaio”, já que elas aprendem sons, assovios e, às vezes, até palavras curtas.
Elas são conhecidas por expressar emoções claramente. Quando felizes, assobiam, levantam o topete e batem as asas. Quando assustadas ou irritadas, o topete abaixa, os olhos dilatam e o corpo pode se encolher. Algumas calopsitas também emitem sons de alerta — um grito agudo — quando percebem algo estranho.
São aves que precisam de atenção e interação diária. Ficar muito tempo sozinha pode deixá-la triste, estressada ou até agressiva. Por isso, é essencial oferecer brinquedos, companhia e estímulos variados.
Sinais de humor na calopsita
- Topete erguido: curiosidade, felicidade.
- Topete deitado: medo, alerta.
- Topete médio: relaxamento.
- Assobios suaves: bem-estar.
- Penas eriçadas: frio, sono ou tentativa de se parecer maior.
Cada calopsita tem uma personalidade própria: algumas são mais brincalhonas e falantes, outras mais calmas e observadoras. Com o tempo, você aprende a entender a linguagem corporal da sua.
4. Ambiente e gaiola ideal
O ambiente onde sua calopsita vive influencia diretamente sua saúde e comportamento. Embora elas sejam pequenas, precisam de espaço suficiente para abrir as asas e se movimentar.
Gaiola
Escolha uma gaiola ampla, com mínimo de 60 cm de largura, 50 cm de altura e 40 cm de profundidade. Se possível, opte por uma voadeira (gaiola grande ou viveiro), principalmente se tiver mais de uma calopsita.
A gaiola deve conter:
- Poleiros de madeira natural (como galhos de goiabeira ou jabuticabeira, sem agrotóxicos).
- Comedouros e bebedouros limpos diariamente.
- Brinquedos: escadinhas, argolas, sinos, cordas e mordedores.
- Local seguro e bem ventilado, longe de correntes de ar e sol direto.
Evite deixar a gaiola próxima de cozinhas — gases, fumaça e odores fortes podem ser tóxicos.
Tempo fora da gaiola
As calopsitas adoram explorar! Sempre que possível, permita que fiquem algumas horas por dia fora da gaiola, em ambiente seguro (sem janelas abertas, fios expostos ou outros animais perigosos). Esse tempo de liberdade é essencial para seu bem-estar físico e mental.
5. Alimentação saudável e equilibrada
Uma dieta adequada é fundamental para a saúde da calopsita. Na natureza, elas se alimentam de sementes, frutas e vegetais. Em casa, o ideal é oferecer uma dieta balanceada e variada, composta por:
Base da alimentação
- Ração extrusada específica para calopsitas: é o alimento mais equilibrado, com vitaminas e minerais essenciais.
- Mistura de sementes: painço, alpiste, girassol, aveia e linhaça (com moderação, pois são calóricas).
Complementos
- Frutas: maçã, banana, mamão, melancia, pera, uva (sem semente).
- Verduras e legumes: couve, espinafre, cenoura, brócolis, abóbora e milho cozido.
- Cálcio e minerais: ofereça osso de siba (ou concha de sepia), essencial para fortalecer o bico e ossos.
Evite alimentos perigosos, como:
- Chocolate
- Café
- Abacate
- Cebola e alho
- Sal, açúcar e alimentos industrializados
A água deve ser fresca e trocada todos os dias. Em dias quentes, elas também gostam de tomar banho com borrifador ou em potinhos rasos.
6. Cuidados com higiene e saúde
Calopsitas são aves resistentes, mas exigem cuidados preventivos. Um ambiente limpo e alimentação equilibrada são a base de uma vida longa.
Higiene
- Lave a gaiola e os comedouros semanalmente.
- Troque o fundo da gaiola com frequência para evitar acúmulo de fezes.
- Permita banhos regulares, especialmente no calor.
- Evite produtos químicos fortes — use apenas sabão neutro e água.
Doenças mais comuns
- Ácaros e piolhos – causam coceira, perda de penas e irritação.
- Deficiência de cálcio – provoca fraqueza e deformações.
- Problemas respiratórios – causados por correntes de ar e poeira.
- Psitacose (clamidiose) – doença infecciosa grave, transmitida por bactérias.
- Obesidade – resultado de pouca atividade física e excesso de sementes gordurosas.
* Observe sempre o comportamento da sua ave: perda de apetite, penas arrepiadas, apatia ou fezes alteradas são sinais de alerta. Ao notar algo estranho, leve-a ao veterinário especializado em aves.
7. Adestramento e interação
Sim, é possível adestrar calopsitas! Com paciência e carinho, elas aprendem a responder ao nome, subir no dedo, fazer truques simples e até assobiar melodias.
Dicas para adestrar
- Comece devagar: espere ela se acostumar com você e o ambiente.
- Ganhe confiança: fale suavemente e ofereça petiscos (como painço).
- Use reforço positivo: elogie e recompense comportamentos desejados.
- Evite punições: calopsitas aprendem com amor, não com medo.
- Treine em sessões curtas: de 5 a 10 minutos diários são suficientes.
Muitos tutores ensinam a calopsita a voltar para a mão, assobiar músicas e até “dar beijinho”. Quanto mais tempo você passar com ela, mais ela entenderá seus gestos e voz.
8. Reprodução e cuidados com filhotes
A reprodução das calopsitas requer atenção e responsabilidade. Antes de permitir o acasalamento, é importante garantir que o casal esteja saudável e que o tutor tenha condições de cuidar dos filhotes.
Idade ideal
As calopsitas atingem a maturidade sexual entre 12 e 18 meses. Nunca permita que reproduzam antes disso.
Ninho e ambiente
- Forneça uma caixa-ninho de madeira (aproximadamente 25x25x30 cm).
- Coloque serragem ou maravalha limpa no fundo.
- Deixe o ambiente calmo, com pouca movimentação.
A fêmea põe de 4 a 6 ovos, que são chocados por cerca de 18 a 21 dias. Durante esse período, evite manusear os ovos. Após o nascimento, os filhotes são alimentados pelos pais até os 30 a 40 dias, quando começam a comer sozinhos.
Nunca incentive reprodução constante — isso desgasta muito a fêmea. Permita intervalos longos entre ninhadas e garanta sempre uma dieta rica em cálcio.
9. Socialização e convivência com humanos
As calopsitas são aves altamente sociais. Elas reconhecem seus donos, gostam de carinho e buscam atenção o tempo todo. Com o tempo, aprendem a interpretar emoções e até a “participar” da rotina da casa.
Como criar laços fortes
- Converse com ela todos os dias.
- Ofereça petiscos diretamente na mão.
- Respeite o tempo da ave — não force contato.
- Use um tom de voz suave.
Muitas calopsitas escolhem um “humano favorito”, com quem são mais apegadas. Elas podem seguir o dono pela casa, pousar no ombro e até dar beijinhos.
Porém, se ficarem entediadas ou sozinhas por muito tempo, podem desenvolver comportamentos destrutivos (como arrancar penas) ou ficar agressivas. Se você passa o dia fora, considere ter um segundo pássaro para fazer companhia.
10. Sons e vocalizações
As calopsitas se comunicam o tempo todo! Seus sons variam conforme o humor e a situação.
- Assobios suaves: contentamento, brincadeira.
- Gritos agudos: medo, solidão ou alerta.
- Cantos longos: tentativa de chamar o dono ou parceiro.
Os machos geralmente são mais “cantores” e aprendem melodias com facilidade. Algumas calopsitas chegam a imitar toques de celular, campainhas e até palavras curtas.
Se a sua estiver gritando demais, observe: pode ser falta de atenção, tédio, barulho excessivo ou gaiola em local inadequado.
11. Banho de sol e bem-estar
O banho de sol é essencial para a saúde da calopsita, pois estimula a produção de vitamina D3, responsável pela absorção do cálcio.
Deixe-a tomar sol leve, entre 7h e 10h da manhã ou após 16h.
Sempre com acesso à sombra e água fresca.
Nunca exponha ao sol forte direto por longos períodos.
Além disso, as calopsitas adoram banhos com borrifador. Espirre levemente água morna sobre as penas e deixe que elas se sacudam naturalmente — é ótimo para o humor e limpeza da plumagem.
12. Enriquecimento ambiental
Calopsitas precisam de estímulos para evitar o tédio. Um ambiente enriquecido melhora o humor e reduz comportamentos indesejados.
Ideias de brinquedos e estímulos
- Cordas e balanços
- Brinquedos de madeira natural
- Espelhos (com moderação)
- Brinquedos que emitem sons
- Brincadeiras com o tutor
Troque os brinquedos periodicamente para manter o interesse. Você pode até fazer brinquedos caseiros com materiais simples, como papelão, rolinhos de papel higiênico e barbantes de algodão.
13. Calopsitas e outros pets
Elas podem conviver com outros animais, desde que com cuidado. Gatos e cães podem representar risco, mesmo que pareçam dóceis. Sempre supervisione as interações.
Com outras aves, a convivência tende a ser boa, especialmente se crescem juntas. Mas, cada calopsita tem sua personalidade — algumas preferem ficar sozinhas, outras adoram companhia. Observe e respeite o comportamento de cada uma.
14. Expectativa de vida
Com cuidados adequados, calopsitas vivem em média 15 a 20 anos, e algumas ultrapassam os 25 anos. Alimentação balanceada, atenção veterinária e carinho são os segredos para garantir uma vida longa e feliz.
Lembre-se: ao adotar uma calopsita, você está assumindo um compromisso de longo prazo — um verdadeiro membro da família.
15. Curiosidades sobre calopsitas
Elas dormem de cabeça virada para trás, apoiada nas costas.
Podem distinguir vozes humanas e reconhecer o nome.
Amam música e podem “dançar” quando ouvem sons animados.
São monogâmicas: na natureza, formam casais para a vida toda.
Quando estão muito felizes, podem “abrir as asas” e cantar alto.
Possuem excelente visão e audição.
16. Convivendo com amor e responsabilidade
Criar uma calopsita é uma experiência única. Elas são mais do que simples aves — são companheiras leais, sensíveis e afetuosas. Cada gesto de carinho é retribuído com olhares, sons e comportamentos que demonstram o quanto confiam em você.
Antes de adotar uma calopsita, lembre-se:
- Dedique tempo diário à interação.
- Ofereça uma alimentação equilibrada.
- Garanta espaço e liberdade.
- Faça visitas regulares ao veterinário.
- Nunca use castigos — elas aprendem com afeto.
Com amor e paciência, sua calopsita será um verdadeiro membro da família, trazendo alegria, música e companhia por muitos anos.
Conclusão
As calopsitas são aves incríveis — inteligentes, dóceis e cheias de personalidade. Elas se adaptam facilmente à vida com humanos e podem se tornar companheiras fiéis por décadas.
Entender suas necessidades — físicas e emocionais — é o primeiro passo para garantir uma convivência harmoniosa. Com uma boa alimentação, ambiente adequado, carinho e atenção, você vai descobrir que uma calopsita pode transformar completamente o seu dia a dia.
Cuidar de uma calopsita é muito mais do que ter um pet: é criar uma amizade sincera, repleta de amor, sons e momentos inesquecíveis.
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