Tartaruga - Seres Lindos verdadeiros fósseis vivos


 Ancestralidade, Tipos, Curiosidades e o Fascinante Mundo Desses Répteis Milenares

Tartaruga nadando

As tartarugas são criaturas que despertam fascínio em pessoas de todas as idades. Desde o andar vagaroso e sereno até sua aparência pré-histórica, esses répteis parecem carregar em seu casco não apenas seu corpo, mas também milhões de anos de história evolutiva. Elas são símbolos de paciência, longevidade e sabedoria em diversas culturas — e com razão. Poucos animais sobreviveram a tantas eras e transformações na Terra quanto as tartarugas.

Mas, afinal, o que torna esses animais tão especiais? De onde vieram? Quantos tipos existem? Como vivem, se reproduzem e se adaptaram tão bem ao longo do tempo?

Neste artigo, vamos mergulhar fundo nesse universo e descobrir tudo sobre as tartarugas, desde sua ancestralidade até curiosidades impressionantes e os desafios atuais de sua conservação.


1. A Ancestralidade das Tartarugas: um elo com o passado pré-histórico

As tartarugas estão entre os animais mais antigos ainda existentes no planeta. Estudos fósseis indicam que seus antepassados surgiram há mais de 220 milhões de anos, durante o período Triássico, muito antes dos dinossauros dominarem a Terra.

Esses primeiros répteis pertenciam a um grupo chamado Anapsida, e com o tempo evoluíram para a forma que conhecemos hoje — um corpo envolto em um casco rígido que serve como escudo natural.


O primeiro ancestral conhecido

O fóssil mais antigo já identificado de uma tartaruga é o da espécie Odontochelys semitestacea, descoberta na China e datada de cerca de 220 milhões de anos atrás. O nome significa “tartaruga com dentes e casco parcial”, e ela possuía dentes (coisa que as tartarugas modernas não têm) e apenas uma parte do casco desenvolvida — a parte inferior (plastrão).

Mais tarde, surgiram espécies como Proganochelys quenstedti, considerada a primeira tartaruga completa, com casco superior (carapaça) e inferior, muito semelhante às atuais. Ela viveu há cerca de 210 milhões de anos e já exibia o formato típico das tartarugas modernas, embora possuísse uma cauda longa e espinhos, algo que se perdeu com o tempo.

Sobreviventes da história

Desde então, as tartarugas sobreviveram a todas as grandes extinções em massa, incluindo a que exterminou os dinossauros há 66 milhões de anos. Isso as torna um dos grupos de répteis mais resistentes e adaptáveis do planeta.

Enquanto muitas espécies desapareceram, as tartarugas persistiram graças à sua capacidade de viver em diversos ambientes — do oceano às florestas, dos rios às savanas áridas.

2. A Anatomia e o Casco: um escudo vivo

O casco é, sem dúvida, a característica mais marcante das tartarugas. Ele não é uma “carapaça” que o animal possa retirar ou trocar, como muitos pensam — na verdade, faz parte do esqueleto. O casco é formado por ossos e placas dérmicas fundidos à coluna vertebral e às costelas, o que significa que a tartaruga literalmente “vive dentro” de seu casco.


Partes do casco

O casco se divide em duas partes principais:

Carapaça: a parte superior, convexa, que cobre o dorso.

Plastrão: a parte inferior, que protege o abdômen.

Essas duas partes se unem pelas pontes ósseas laterais. Juntas, formam uma estrutura resistente que protege contra predadores e impactos.


Um sistema de defesa perfeito

Apesar de parecer rígido, o casco possui terminações nervosas e vasos sanguíneos. Isso significa que as tartarugas sentem toques, pressões e até dor através dele. Diferente do que se imagina, o casco não é uma armadura morta, mas um órgão vivo e sensível.

Algumas espécies conseguem retrair completamente a cabeça e as patas para dentro do casco, enquanto outras, como as tartarugas marinhas, têm cascos mais aerodinâmicos e fixos, adaptados para o nado e não para a retração.



3. Tipos e Espécies de Tartarugas

Atualmente, existem mais de 350 espécies de tartarugas no mundo, divididas em três grandes grupos:

  • Tartarugas terrestres (jabutis)
  • Tartarugas de água doce (cágados)
  • Tartarugas marinhas

Vamos entender as diferenças e peculiaridades de cada grupo.


3.1. Tartarugas Marinhas

As tartarugas marinhas são verdadeiros símbolos dos oceanos. Elas passam quase toda a vida no mar e só voltam à terra para pôr ovos.

Existem sete espécies conhecidas de tartarugas marinhas:

Tartaruga-verde (Chelonia mydas)

  • É uma das maiores espécies, chegando a mais de 1,5 m de comprimento e 200 kg.
  • Alimenta-se principalmente de algas e vegetação marinha.
  • É comum nas águas tropicais e subtropicais.

Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)

  • Reconhecida pelo casco bonito e colorido, usado ilegalmente para fazer acessórios.
  • Alimenta-se de esponjas e pequenos invertebrados.
  • É uma das espécies mais ameaçadas.

Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta)

  • Possui uma cabeça grande e poderosa, com mandíbulas fortes.
  • Se alimenta de crustáceos e moluscos.

Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea)

  • É a menor das tartarugas marinhas, pesando até 50 kg.
  • Conhecida por fazer “arribadas”, quando milhares de fêmeas desovam juntas na mesma praia.

Tartaruga-de-kemp (Lepidochelys kempii)

  • A mais rara e criticamente ameaçada das marinhas.
  • Vive principalmente no Golfo do México.

Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)

  • A maior de todas: pode atingir 2,5 m e pesar mais de 700 kg!
  • Diferente das demais, não possui casco rígido, mas sim uma pele grossa e flexível.
  • Capaz de nadar em águas geladas e mergulhar a mais de 1000 metros de profundidade.

Tartaruga-verde-do-Pacífico (Chelonia agassizii)

  • Considerada uma subespécie da tartaruga-verde, adaptada à costa do Pacífico.
  • Essas tartarugas são vitais para o equilíbrio ecológico dos mares, pois ajudam a controlar populações de águas-vivas e a manter os recifes de corais saudáveis.



 3.2. Tartarugas de Água Doce (Cágados)


Os cágados vivem em rios, lagos e pântanos. São excelentes nadadores, mas precisam sair da água para tomar sol, regulando sua temperatura corporal.

Alguns exemplos famosos no Brasil:

  • Cágado-de-barbicha (Phrynops geoffroanus) – encontrado em rios e córregos, com uma característica "barbicha" sob o queixo.
  • Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) – uma das maiores espécies de água doce do mundo.
  • Tartaruga-de-pente-amarela (Podocnemis unifilis) – muito comum na Amazônia, também chamada de tracajá.

Esses animais são onívoros: alimentam-se de frutas, plantas aquáticas, insetos e pequenos peixes. São importantes na dispersão de sementes e no controle de insetos aquáticos.



 3.3. Tartarugas Terrestres (Jabutis)

Os jabutis são tartarugas adaptadas à vida em terra firme. Têm patas grossas e fortes, próprias para caminhar em solo seco, e não sabem nadar bem — por isso, não devem ser colocados em tanques ou lagos.

Entre as espécies mais conhecidas estão:

  • Jabuti-piranga (Chelonoidis carbonarius) – tem manchas alaranjadas no casco e nas patas.
  • Jabuti-tinga (Chelonoidis denticulatus) – maior que o piranga e com tons mais amarelados.

Esses animais são herbívoros, alimentando-se de folhas, frutas e flores. São dóceis e podem viver mais de 80 anos, tornando-se verdadeiros companheiros de vida.



4. Reprodução e Ciclo de Vida

A reprodução das tartarugas é um espetáculo da natureza, especialmente no caso das marinhas.

As fêmeas retornam às mesmas praias onde nasceram — um fenômeno chamado filopatria. Elas cavam ninhos na areia durante a noite e depositam dezenas a centenas de ovos, que ficam incubando por cerca de 45 a 70 dias.

A temperatura da areia determina o sexo dos filhotes:

  • Temperaturas mais altas produzem fêmeas.
  • Temperaturas mais baixas produzem machos.

Ao nascer, os filhotes correm imediatamente em direção ao mar, guiados pelo brilho do horizonte. Pouquíssimos sobrevivem — estima-se que apenas 1 em cada 1000 chegue à idade adulta.

Já as tartarugas terrestres e de água doce também cavam buracos para depositar os ovos, geralmente em locais protegidos e ensolarados. Em cativeiro, esse processo pode ser estimulado com substratos arenosos.


5. Alimentação: de herbívoras a carnívoras

A dieta das tartarugas varia conforme o ambiente e a espécie:

  • Tartarugas terrestres: predominantemente herbívoras, comem folhas, frutas e flores.
  • Tartarugas de água doce: onívoras, alimentam-se de vegetação, insetos, crustáceos e peixes.
  • Tartarugas marinhas: algumas são herbívoras (como a tartaruga-verde), outras carnívoras (como a cabeçuda) e há as que têm dieta mista.

Essa diversidade alimentar contribui para a manutenção dos ecossistemas — elas controlam populações de organismos e participam da ciclagem de nutrientes.


6. Comportamento e Adaptações

Apesar de lentas em terra, as tartarugas são extremamente ágeis na água. As marinhas podem nadar milhares de quilômetros em migrações e mergulhar por longos períodos — algumas por até 90 minutos sem respirar.

Elas são animais de sangue frio (ectotérmicos), o que significa que regulam a temperatura corporal por meio do ambiente — tomando sol ou buscando sombra.

Além disso, possuem excelente memória espacial e senso de direção. As marinhas, por exemplo, reconhecem campos magnéticos da Terra, o que as ajuda a navegar entre oceanos.


7. Longevidade: o segredo da vida longa

As tartarugas são conhecidas por sua longevidade. Algumas vivem mais de 150 anos, e há registros de indivíduos que ultrapassaram os 200 anos!

A tartaruga Jonathan, uma tartaruga-gigante de Seychelles, é considerada o animal terrestre mais velho do mundo, com cerca de 192 anos.

O segredo da longevidade das tartarugas está em seu metabolismo lento, baixa taxa de reprodução e ausência de grandes predadores naturais em idade adulta.



8. Curiosidades sobre Tartarugas

 Têm uma excelente audição interna, embora não possuam orelhas externas.

 Podem ficar semanas sem comer, reduzindo seu metabolismo ao mínimo.

 Existem tartarugas em todos os continentes, exceto na Antártida.

 São símbolos de paz e sabedoria em diversas culturas — no Japão, representam longevidade; na África, estabilidade; e entre povos indígenas, a “mãe do mundo”.

 Cada casco é único, com desenhos e texturas diferentes — como impressões digitais.

 As tartarugas marinhas podem cruzar oceanos inteiros — uma tartaruga-verde já foi registrada viajando do Brasil até a África!

Algumas espécies respiram pela cloaca (uma cavidade próxima à cauda), absorvendo oxigênio da água.

Filhotes nascem instintivamente sabendo o caminho até o mar, um comportamento guiado pela luz natural do horizonte.


9. Tartarugas e o Ser Humano

Infelizmente, apesar de sua resistência histórica, as tartarugas hoje enfrentam sérias ameaças provocadas pelo ser humano.


Principais ameaças:

  • Poluição dos mares — plásticos são confundidos com alimento e podem causar asfixia.
  • Caça e tráfico — para consumo da carne, ovos ou uso do casco em artesanato.
  • Pesca acidental — muitas morrem presas em redes de pesca.
  • Perda de habitat — destruição de praias e rios onde desovam.
  • Mudanças climáticas — alteram a temperatura da areia e, consequentemente, o equilíbrio entre machos e fêmeas.


Ações de conservação

Diversos programas de preservação têm sido criados ao redor do mundo. No Brasil, o mais conhecido é o Projeto Tamar, fundado em 1980, que protege as tartarugas marinhas e suas áreas de reprodução.

Graças a iniciativas como essa, o número de ninhos e filhotes tem aumentado significativamente nas últimas décadas.


10. O Papel das Tartarugas no Ecossistema

As tartarugas exercem papéis ecológicos fundamentais:

Dispersão de sementes: os jabutis ajudam a regenerar florestas.

Controle de populações marinhas: as marinhas equilibram o número de águas-vivas e esponjas.

Aeração do solo: ao cavar ninhos, ajudam na oxigenação e fertilidade da terra.

Ciclagem de nutrientes: seus excrementos fertilizam ambientes aquáticos e terrestres.

Sem elas, muitos ecossistemas entrariam em colapso.


11. Convivência com Tartarugas Domésticas

Ter uma tartaruga como pet é uma grande responsabilidade. Elas exigem cuidados específicos:

  • Ambiente adequado: aquaterrários (para cágados) ou terrários (para jabutis) bem ventilados.
  • Temperatura e luz: precisam de exposição ao sol ou lâmpadas UVB para absorver cálcio.

Alimentação balanceada: folhas, frutas e ração específica.

Higiene e espaço: devem ter espaço para caminhar e áreas secas e úmidas.

E é essencial lembrar: nunca capture tartarugas silvestres. Isso é crime ambiental e prejudica o equilíbrio natural das espécies.



12. Mitos e Crenças Populares

Ao longo da história, as tartarugas inspiraram mitos, fábulas e crenças em várias culturas:

Mitologia hindu: o deus Vishnu teria encarnado em forma de tartaruga gigante (Kurma) para sustentar o mundo.

Mitologia indígena: em muitas lendas americanas, o planeta repousa sobre o casco de uma grande tartaruga — a “Tartaruga Mãe”.

Fábula de Esopo: “A Lebre e a Tartaruga” ensina que a paciência e a perseverança superam a pressa.

Essas histórias reforçam a imagem simbólica da tartaruga como um ser de força, sabedoria e resistência.


13. O Futuro das Tartarugas: desafios e esperança

Apesar dos riscos, há esperança. A ciência e a educação ambiental vêm desempenhando um papel crucial na proteção desses animais.

Programas de reintrodução, áreas de desova protegidas e conscientização popular ajudam a garantir que as futuras gerações ainda possam ver tartarugas nos oceanos, rios e florestas.

Mas o esforço deve ser coletivo: reduzir o consumo de plástico, evitar o descarte de lixo no mar e respeitar áreas de preservação são atitudes simples que fazem diferença.



14. Conclusão

As tartarugas são verdadeiros fósseis vivos — testemunhas silenciosas da história da Terra. Sua longa trajetória de sobrevivência nos ensina sobre adaptação, equilíbrio e resiliência.

Mais do que simples animais, elas representam uma lição viva sobre a harmonia com a natureza.

Cuidar das tartarugas é cuidar de um pedaço da história do planeta — e também de nosso próprio futuro.


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